A minha ligação com o Exu Capa Preta e com a Dama da Noite construiu-se ao longo do tempo, através da vivência, da observação e do respeito. Não nasceu de imposições, nomes ou títulos, mas de experiências espirituais profundas que me ensinaram mais pelo silêncio do que pela palavra.
O Exu Capa Preta manifesta-se na minha caminhada como força de proteção, firmeza e limite. A sua presença ensina-me a manter os pés no chão, a não ultrapassar aquilo que não me pertence e a agir com responsabilidade. É uma energia que corta excessos, organiza caminhos e reforça a importância da disciplina espiritual e do respeito pelas leis invisíveis.
Não é uma força de violência, mas de consciência. Onde há confusão, traz clareza. Onde há perturbação, impõe ordem. A sua atuação lembra-me constantemente que o verdadeiro poder espiritual está no autocontrolo, na ética e no saber dizer “não” quando necessário.
A Dama da Noite surge como uma energia de acolhimento, mistério e transformação interior. A sua vibração está ligada ao silêncio, à intuição e aos processos profundos da alma. É uma presença que ensina a atravessar momentos de escuridão com serenidade, sem medo, compreendendo que toda a noite carrega em si a promessa do amanhecer.
Com ela aprendi que nem tudo precisa ser exposto, explicado ou mostrado. Algumas curas acontecem no recolhimento, no segredo e na introspeção. A Dama da Noite representa a sabedoria feminina que guarda, protege e transforma sem alarde.
A relação com estas duas forças não é de submissão cega nem de exaltação. É uma relação de aprendizagem contínua, onde cada passo exige responsabilidade, humildade e escuta interior. Nada é feito por impulso; tudo é observado, sentido e confirmado com consciência.
Ambos ensinam que espiritualidade não é espetáculo, não é pressa e não é vaidade. É caminho longo, por vezes solitário, mas verdadeiro. Um caminho onde o silêncio protege, o respeito fortalece e a ética sustenta tudo o que se constrói.
É assim que compreendo a minha ligação: como um processo vivo, em constante amadurecimento, guiado pelo respeito às forças espirituais, a Deus acima de tudo, e à responsabilidade que é servir sem ultrapassar limites.